A importância da Coerência na educação

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Considero a coerência um dos pilares da educação de uma criança, vejo-o como uma necessidade vital para a felicidade e estabilidade familiar. No entanto, ser coerente na educação nem sempre é fácil, principalmente quando na maioria dos casos nem sequer conseguimos ser coerentes connosco próprios.
Então qual será a melhor forma ou a melhor abordagem a adotar no nosso comportamento enquanto pais, no que respeita a coerência, e que nos permita melhorar a educação, a felicidade, a auto estima e resiliência dos nossos filhos.
Esta não é uma tarefa fácil, mas é possível e vais ver que ao adotares tu próprio uma atitude coerente, poderás melhorar a tua própria inteligência emocional assim como conseguirás responder a algumas necessidades de crescimento pessoal enquanto ser humano.

O objetivo de teres uma atitude clara e coerente não é sinónimo de estares a tornar-te num ditador autoritário e castrador do desenvolvimento da personalidade do teu filho. A longo prazo, o facto de estares a orientar o comportamento dos teus filhos, estarás a prepará-los para a idade adulta, a ensiná-los a gerir os seus comportamentos e emoções de forma independente. Aprender o autocontrole e a interagir com o outro, desenvolve na criança a auto estima e motivação para a cooperação. As crianças são mais proativas quando entendem o que os pais, ou o grupo onde se inserem esperam delas.
O comportamento humano não é controlado pelo instinto, pois cada individuo tem sempre a possibilidade de escolher e decidir sobre o seu comportamento. Sendo este um privilégio do animal racional que somos, este é também uma grande responsabilidade pois tens o poder de escolher. Nesse sentido, quanto mais cedo e melhor conseguirmos ensiná-lo aos nossos filhos, melhor. Se pensarmos bem, ao transmitirmos bem esta aprendizagem, os nossos filhos terão a possibilidade de serem bons cidadãos e seres humanos excecionais, e consequentemente todos beneficiaremos.
Uma forma de ensinar aos nossos filhos a responsabilidade que acarretam os comportamentos é fazê-los experimentarem as consequências das suas atitudes. Falo-te da aprendizagem causa-efeito, ou seja, a criança faz A a consequência é B, e da próxima vez ela já sabe que aquele comportamento resultará naquela consequência específica. 


O problema é que muitas vezes, nós pais, não sabemos ser claros ou não somos coerentes em relação aos limites e à imposição desses limites. E tal acontece por situações tão básicas como chegar no final do dia de trabalho cansado, ou estar com pressa para sair por um qualquer compromisso para o qual já esteja atrasado. Dou-te um exemplo, do qual eu própria sou vítima inúmeras vezes. Imagina que dizes ao teu filho para ir estudar antes do jantar e ele opta por ir ver televisão. Tu repreendes, dizes-lhe que o vais castigar, que lhe tiras o telemóvel, o tablet e sabe-se lá mais o quê (algo que sabes que é mesmo importantes para ele), mas na hora da verdade o “castigo” não se aplica. O que é que achas que o teu filho aprendeu? Pois. Provavelmente ficou com a ideia de que consegue levar a dele avante, não importa o quanto a mãe (ou o pai) discuta. Se por outro lado efetivamente cumprires a tua “promessa” (“castigo”), provavelmente da próxima vez que o mandares estudar antes do jantar, não se atreverá a ignorar-te porque sabe qual é a consequência do comportamento que ele decidir ter.

O que também acontece muitas vezes, dado o nosso comportamento e reação inconstantes ou pouco coerentes, é os miúdos não saberem como é que o pai ou mãe irão reagir a determinado comportamento que tenham e muitos vivem num estado permanente de ansiedade, criando uma visão do mundo imprevisível.
A grande questão é que as crianças não são todas iguais e ao passo que algumas crianças podem desenvolver um comportamento de passividade e complacência, outros podem tornar-se agressivos e hostis. Cada um à sua maneira aprenderá a lidar com a imprevisibilidade, o que por sua vez e consequentemente lhes criará mais ansiedade.
É muito importante que as crianças aprendam e desenvolvam a capacidade de lidar com a ansiedade para não se tornarem em adultos descompensados ou bipolares.


É muito simples perceber esta dinâmica: é como quando a criança entra para a primária e começa a aprender os primeiros conceitos de matemática simples, tais como a soma e a subtração. Aprende uma sequência lógica em que dois mais dois são quatro. Ou quatro menos dois são dois. É uma regra simples que a criança vai treinando e experimentando, adquirindo uma aprendizagem que se baseia nesse conhecimento de causa-efeito. Dois mais dois são sempre quatro e não são vinte e dois. Estes conceitos de brincadeira com os números, leitura de símbolos e imagens virão muito mais tarde na aprendizagem. Como é que acha que ele mais tarde aprenderia a fazer equações se num momento dois mais dois fossem quatro e no momento a seguir fosse outro resultado qualquer?!
Por isso a coerência é muito importante para que a criança desenvolva a competência de agir corretamente e adaptar-se a qualquer problema mais complexo que lhe possa surgir.

Coerência é um dos principais requisitos para o teu filho aprender a prever situações.
Let’s face it, a imprevisibilidade está em todo o canto e esquina, é o pão nosso de cada dia. É por isso que vivemos imensas frustrações quando o portão da garagem não abre à velocidade que queremos, quando quer abrir um programa no computador e este bloqueia sabe-se lá porquê, quando chega à farmácia e esta está fechada, quando buzinam na estrada e desata a barafustar para o carro do lado e nem sequer era consigo... Enfim! Vivemos numa ansiedade constante. Mas não precisamos de o transmitir aos nossos filhos. Para as crianças a falta de coerência provoca-lhes ansiedade, e é por isso que os teus filhos, assim como as minhas filhas, precisam tanto que sejamos coerentes, para que consigam prever o que poderá acontecer se não forem a horas para a cama ou se não fizerem os trabalhos de casa antes do jantar!
E é por isso que a coerência é uma ferramenta de aprendizagem fundamental na educação de um filho.

Diz-me o que achas-te deste artigo e envia-me também as tuas ideias e sugestões sobre parentalidade!

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